Depois dos ataques às comunidades pacificadas de
Manguinhos, Camarista Méier e Complexo do Alemão na noite de quinta-feira (20)
no Rio, os locais amanheceram com policiamento reforçado nesta sexta-feira
(21). As Unidades de Polícia Pacificadora (UPP) da cidade estão em alerta máximo, segundo o comandante das bases,
Frederico Caldas. Policiais militares tiveram as folgas suspensas e estão de
prontidão – inclusive agentes do Batalhão de Operações Especiais (Bope) – para
eventuais operações.
Em Manguinhos, a
comunidade mais prejudicada, localizada na Zona Norte, escolas e comércios não
abriram nesta sexta-feira.Quatro mil alunos ficaram sem aulas. As entradas da favela têm grande
movimentação policial. Além da PM, a Polícia Civil está de prontidão com todo o
seu efetivo – também com tropas especializadas, como a Coordenadoria de
Recursos Especiais (Core).
O secretário de
Segurança Pública do Rio, José Mariano Beltrame, garantiu o alerta.
"Estamos todos em protidão, com folgas diminuídas, ocupando espaços na
cidade para evitar que haja qualquer tipo de ameaça ao cidadão carioca. Estamos
com força total nas ruas do Rio de Janeiro."
Tanto o
secretário quanto o governador do Rio, Sérgio Cabral, viajaram a Brasília na
manhã desta sexta-feira para solicitar à Presidência da República o apoio das Forças Federais para conter ataques em áreas
pacificadas.
'Vamos passar a vida resolvendo crises'
Terminada a reunião com Cabral na quinta-feira, o secretário de Segurança Pública fez severas críticas ao tratamento que se dá à segurança pública no Brasil. Beltrame qualificou como "arcaico" os sistemas penal e prisional do país, falou sobre os problemas do crescente uso de crack, da falta de controle das fronteiras, da maioridade penal e do uso de armas de fogo por parte da população civil.
"Se não
discutirmos isso tudo de forma ampla, vamos passar a vida inteira resolvendo
crises, e não efetivamente resolvendo o problema da segurança pública",
destacou o secretário.
Em relação aos
ataques às UPPs, Beltrame voltou a enfatizar as dificuldades de segurança que
beneficiam os criminosos. "Pessoas atiram contra agentes públicos porque,
sem dúvida alguma, o crime vale a pena para elas. As pessoas agem sem o menor
temor às leis. Diante dessa crise que se avizinha, que ameaça o Rio de Janeiro,
nós viemos aqui e propomos um torniquete a ela. Mas, se não sanarmos o
problema, não haverá solução", disse.
Quanto à atuação
das Forças Federais, Beltrame afirmou que o governador pediu sigilo e que os
detalhes da operação só serão anunciados após a reunião com a presidente Dilma
Rousseff. Porém, o secretário adiantou que as polícias Civil e Militar estão de
prontidão para garantir a segurança da população.
Sem recuo
Antes da reunião com o gabinete de crise, o governador do Rio informou, por meio de nota, que não irá recuar. Segundo ele, esse tipo de atentado equivale a "uma tentativa da marginalidade de enfraquecer a política vitoriosa da pacificação, que retomou territórios historicamente ocupados pela bandidagem para o controle do poder público".
De acordo com
Cabral, o governo do estado mantém o firme compromisso assumido com as populações
das comunidades e com a população de todo o estado do Rio de não sair, em
hipótese alguma, desses locais ocupados e manter a política da
pacificação".
Fonte: G1.com