José Wilker
O ator e diretor José Wilker morreu, aos 66 anos, na
manhã deste sábado (5) no Rio. Ele
sofreu um infarto. Wilker ficou conhecido por trabalhos marcantes em novelas
como "Roque Santeiro", em que interpretou o personagem-título, e
"Senhora do destino", em que interpretou o bicheiro Giovanni
Improtta. No cinema, fez filmes como "Bye bye Brasil" e "Dona
Flor e seus dois maridos".
A sua última participação em novelas foi em 2013, em
"Amor à vida", de Walcyr Carrasco, no papel do médico Herbert. Em
2012, ele foi o coronel Jesuíno no remake de "Gabriela", baseada no
livro "Gabriela Cravo e Canela", de Jorge Amado. Na versão
original, exibida em 1975, havia feito Mundinho Falcão. Na TV Globo, participou
de quase 30 novelas.
Começo
José Wilker de Almeida nasceu em Juazeiro do Norte no dia 20 de agosto de 1947 e se
mudou com a família, ainda criança, para o Recife. A mãe, Raimunda, era dona de casa, e o pai, Severino,
caixeiro viajante.
O primeiro trabalho de Wilker foi com apenas 13 anos,
como figurante no teleteatro da TV Rádio Clube, do Recife. "Ficava por ali aguardando
alguma ponta", lembrou ele em depoimento ao site Memória Globo. A aparição inicial foi como cobrador de jornal na peça
"Um bonde chamado desejo", de Tennessee Williams.
Sua carreira no teatro começou no Movimento de Cultura
Popular (MCP) do Partido Comunista, onde dirigiu espetáculos pelo sertão e
realizou documentários sobre cultura popular.
Em 1967, Wilker se mudou para o Rio para estudar
Sociologia na PUC, mas abandonou o curso para se dedicar exclusivamente ao
teatro.
Em 1970, após ganhar o prêmio Molière de Melhor Ator
pela peça "O Arquiteto e o imperador da Assíria", foi convidado pelo
escritor Dias Gomes o para o elenco de "Bandeira 2" (1971), sua
primeira novela. Seu
personagem foi Zelito, um dos filhos do bicheiro Tucão (Paulo Gracindo).
"Eu fazia teatro há dez anos, não tinha nada. Uma
semana depois de estar no ar, eu era um cara com uma conta no banco, identidade,
residência fixa e reconhecimento na rua. A resposta era muito imediata,
intensa. Acabei gostando", afirmou Wilker ao Memória Globo.
Ele interpretou o seu primeiro papel principal na TV em
1975: foi Mundinho Falcão em "Gabriela", adaptação de Walter George
Durst do romance de Jorge Amado, um marco na história da teledramaturgia
brasileira.
Personagens conhecidos
Wilker tem em seu currículo personagens memoráveis,
como o jovem Rodrigo, protagonista da novela "Anjo Mau" (1976), de
Cassiano Gabus Mendes.
Em 1985, viveu Roque Santeiro, personagem central da
trama homônima escrita por Dias Gomes e Aguinaldo Silva. Em 2004 interpretou o
ex-bicheiro Giovanni Improtta, de "Senhora do Destino", de Aguinaldo
Silva, um personagem com diversos bordões como “felomenal” e “o tempo ruge, e a
Sapucaí é grande”.
O artista dirigiu o humorístico "Sai de baixo"
(1996) e as novelas "Louco amor" (1983), de Gilberto Braga, e
"Transas e caretas" (1984), de Lauro César Muniz. Durante uma rápida
passagem pela extinta TV Manchete, acumulou direção e atuação em duas novelas:
"Carmem" (1987), de Gloria Perez, e "Corpo santo" (1987),
de José Louzeiro.
Apaixonado pelo cinema, o ator participou de filmes como
"Xica da Silva" (1976) e "Bye bye Brasil" (1979), ambos de
Cacá Diegues, "Dona Flor e seus dois maridos" (1976) e "O homem
da capa preta" (1985). Fez ainda o personagem Antônio Conselheiro em
"Guerra de Canudos" (1997), de Sérgio Rezende. Além disso, foi
diretor-presidente da Riofilme.
Wilker também se destacou em minisséries como "Anos
rebeldes" (1992), de Gilberto Braga; "Agosto" (1993), adaptada
da obra de Rubem Fonseca; e "A muralha" (2000), escrita por Maria
Adelaide Amaral e João Emanuel Carneiro.
Em 2006, interpretou o presidente Juscelino Kubitschek
na minissérie "JK", de Maria Adelaide Amaral e Alcides Nogueira.
O artista ainda escreveu textos para revistas e jornais
e comentou a cerimônia do Oscar durante vários anos.
José Wilker deixa duas filhas. Mariana, com a atriz
Renée de Vielmond, e Isabel, com a atriz Mônica Torres.
Fonte:
G1.com