O clima na Penitenciária Estadual do
Serido foi tenso desde a tarde de ontem (16) até a manhã de hoje (17). Mulheres
e crianças que entraram na unidade para visitar os presos foram feitos reféns e
os apenados cobraram o retorno de regalias e de líderes que foram deslocados
para outro pavilhão pela direção do presídio. Apesar de ameaças de queima
colchões e destruição dentro da penitenciária, não houve feridos.
O motim começou durante o período de
visitas. Os presos cobraram que a direção do presídio devolvesse rádios e
televisores que foram confiscados, além do retorno de sete detentos que foram
deslocados dos pavilhões B e C para o A, onde estão as celas destinadas ao
"castigo". As mulheres que estavam dentro da unidade, companheiras
dos presos, permaneceram no presídio voluntariamente. As duas crianças que
ainda estavam na penitenciária são filhas de detentos e estavam acompanhadas
das mães no momento das visitas.
Segundo o coordenador da Administração
Penitenciária do Rio Grande do Norte, Aílson Dantas, os televisores e rádios
foram confiscados porque a grade de uma cela foi serrada e os detentos não
devolveram a barra de metal que foi retirada. A direção do presídio concordou
em devolver os equipamentos caso os presos devolvam a grade, o que ainda não
ocorreu. Porém, para terminar a rebelião, houve o acordo para a devolução das
TVs. A barra, no entanto, segue com os detentos.
Já sobre a transferência dos sete
presos, Aílson Dantas explicou que eles eram líderes dentro dos pavilhões e
foram responsáveis por tumultos dentro da unidade. Quanto ao retorno deles, não
há acordo. "A direção condicionou a devolução das TVs e dos rádios à
devolução da barra de ferro, que ainda não aconteceu. Os presos que foram
transferidos não vão voltar", garantiu.
Apesar de afirmar que não considerava
reféns as mulheres e filhos dos presos, a Sejuc disse que houve um trabalho de
negociação para que o motim tenha fim. Representantes do Judiciário, inclusive,
seriam convidados para participarem da negociação, mas o convite não foi feito.
Segundo o juiz de Execuções Penais, Henrique Baltazar, ele não foi recebeu
contato para tratar da questão, assim como o juiz Luiz Cândido, de Caicó.
A penitenciária abriga aproximadamente
400 detentos.
TVs
O regimento do sistema carcerário estadual proíbe que as penitenciárias
do Rio Grande do Norte tenham televisores. De acordo com o juiz Henrique
Baltazar, as celas não podem ter sequer pontos de energia elétrica. Porém, é
comum que os presos utilizem gambiarras para que ventiladores, rádios e
televisores sejam utilizados.
Segundo o coordenador da Administração
Penitenciária, Aílson Dantas, os televisores são utilizados pelos presos há
vários anos e, mesmo estando fora da legalidade, "é uma regalia difícil de
ser retirada". "Hoje, se tirarmos definitivamente, pode gerar um desconforto
e um consequente transtorno muito grande", disse Aílson Dantas.
Fonte: http://tribunadonorte.com.br