Natal (Foto: Anderson Barbosa/G1)
A
noite do sábado (14/06) e a madrugada deste domingo (15/06) foram de chuvas
fortes na capital potiguar. De acordo com a Empresa de Pesquisa Agropecuária do
Rio Grande do Norte (Emparn), a chuva é contínua há praticamente 48 horas, com
um acúmulo no período de 285 milímetros de água sobre a cidade. “Choveu nestes
dois dias o equivalente a média histórica de todo o mês de junho”, afirma o
meteorologista Gilmar Bistrot. Ainda na noite do sábado, a Prefeitura de Natal
emitiu um sinal de alerta e
determinou que todas as Secretarias Municipais com equipes, material e veículos
permaneçam de sobreaviso enquanto o tempo não melhorar.
Ainda segundo o
meteorologista da Emparn, o domingo será de tempo nublado com mais pancadas de
chuvas. O sol só deve aparecer mesmo na tarde da segunda-feira (16). E, mesmo
assim, ele não arriscar dizer que a partida entre EUA e Gana, que acontece a
partir das 19h, terá um céu estrelado. As duas seleções fazem o segundo jogo
que a Arena das Dunas recebe nesta primeira fase da Copa do Mundo. Quando o
México venceu Camarões por 1 a 0, na tarde da sexta-feira (13), já chovia em Natal e
as nuvens não deram trégua um minuto sequer.
Ao G1,
Bistrot explicou que três fatores estão causando a permanência de nuvens
carregadas sobre a cidade. "Ventos fracos, água quente no litoral e
umidade alta. Estas três situações, juntas, fazem com que as chuvas não
dissipem", disse. "Para a capital potiguar, o mês de junho,
historicamente, é o mês mais chuvoso do ano", acrescententou o
meteorologista.
A Procuradoria
Geral do Município também foi alertada e deve elaborar um decreto de estado de
calamidade pública ou de emergência a fim de que sejam tomadas medidas
necessárias para a recuperação das áreas atingidas pelo temporal.
(Foto: Anderson Barbosa/G1)
Transtornos
Até o momento não há
registro de vítimas, mas os transtornos e danos ao natalense são muitos.
Durante a noite do sábado, o Corpo de Bombeiros informou que moradores de cerca
de 50 casas nas proximidades das ruas Guanabara e Atalaia, no bairro de Mãe
Luiza, na Zona Leste da cidade, tiveram que ser realojados no ginásio Nélio
Dias, na Zona Norte. Além destas residências, dois edifícios em Areia Preta
foram evacuados por orientação da Defesa Civil. Os prédios ficam ao lado de uma
escadaria que ruiu e provocou o deslizamento de terras sobre a Via Costeira,
principal acesso à rede hoteleira da cidade.
Ainda segundo a
Prefeitura de Natal, desde o início das chuvas, ainda na manhã da sexta-feira,
vários bairros da cidade vêm enfrentando problemas de alagamento pelo excesso
de água - sobrecarregando o sistema de lagoas de captação do município. Também
houve deslizamento na rua do Condor, nas Rocas, em função de um.
(Foto: Pedro Rodrigues/G1)
Força-tarefa
No início da noite do
sábado foi preciso criar uma força-tarefa para discutir um plano de ações. Este
grupo é composto pela Prefeitura, Corpo de Bombeiros e Exército (o vídeo ao lado mostra o
momento em que houve um novo deslizamento de terra na Zona Leste).
O telefone da
Defesa Civil do Município está em regime de plantão. Os casos de urgência e
necessidade de atendimento devem ser relatados no (84) 3232-2525.
Alagamentos
A chuva provocou alagamentos nas quatro regiões administrativas da cidade. Em Lagoa Nova, na Zona Sul, moradores das proximidades da avenida Capitão-mor Gouveia com a rua Mandacaru tiveram as casas invadidas pela água.
Na Zona Oeste a
situação não é diferente. Populares do bairro de Cidade Nova sofrem com a água
acumulada. As pessoas que moram nas ruas São Miguel e São Gerônimo tiveram os
imóveis invadidos. A agente de saúde Severina Alves diz estar desesperada com o
nível da água. “Por aqui não sabemos o que fazer”.
A lagoa de
captação da Cidade da Esperança, também na Zona Oeste, transbordou. De acordo
com o vigilante Emerson Pinheiro, que reside na região, os moradores estão se
ajudando para retirar móveis e eletrodomésticos das casas, pois a água do
reservatório já entrou nos imóveis. “O responsável pelas bombas da lagoa foi
embora e elas estão desligadas”, disse.
(Foto: Carolina Souza/G1)
Prédios desocupados
No começo da noite, o
Corpo de Bombeiros orientou os moradores do condomínio Residencial Aldebaran,
na Zona Leste de Natal, que desocupassem o prédio por conta
dos deslizamentos de terra que
ocorrem na região. De acordo com a assessoria de imprensa da corporação, um
engenheiro que mora em um edifício vizinho já evacuou os apartamentos, por
precaução.
Os prédios ficam
no início da Via Costeira, próximo ao barranco onde ocorreu o deslizamento que
interrompeu o trânsito no local. A areia escorreu da rua Guanabara, em Mãe
Luíza, para a Via Costeira, e gera vários transtornos à população da região.
(Foto: Edilene Castro)
Zona Oeste
A lagoa de captação de
São Conrado, que fica na avenida Lima e Silva, na Zona Oeste de Natal, não suportou o volume de água
acumulada e transbordou. Residências vizinhas alagaram, mas os
moradores resistem em deixar as casas.
Na rua Luiz
Cúrcio Cabral, no bairro Dix-Sept Rosado, os moradores tentam fazer barricadas
para evitar maiores danos. A dona de uma das casas, Edilene Castro, disse que
mora com o pai e o marido. "Não temos condições de sair de casa. Estamos
fazendo barreiras, mas as casas da rua estão todas alagadas. Alguns vizinhos
estão tentando tirar a água de dentro de casa com rodos e baldes", disse
ela.
Ainda de acordo
com a moradora, os vizinhos tentam acionar a Defesa Civil e o Corpo de
Bombeiros, mas as ligações não são completadas.
Fonte: G1 RN.