Barragem Armando Ribeiro Gonçalves está 30% de sua capacidade total (Foto: Reprodução/Inter TV Cabugi)
A alegria de ver açudes transbordando
tem sido rara no Rio Grande do Norte. E a previsão, segundo a Empresa de
Pesquisa Agropecuária do RN (Emparn), é de que até o final do ano as chuvas não
sejam suficientes para encher os reservatórios que abastecem o estado.
"Infelizmente não tem mais previsões de chuvas intensas para o interior do
estado. O período de chuvas está acabando e não tem mais condição de formação
de chuva”, afirmou Gilmar Bristot, meteorologista da Emparn.
A situação
dos reservatórios, na grande maioria
deles, é preocupante. Notícia boa apenas no açude Pataxó, que transbordou no
mês de março. Os moradores de Ipanguaçu, na região do Vale do Açu, comemoraram.
Felicidade de uns, mas preocupação de outros. Na região do Alto Oeste, o
cenário é diferente. O açude Bonito, principal reservatório do município de São
Miguel, está totalmente seco. E está assim desde janeiro. Água, só através de
carros pipa.
Em Pau dos
Ferros a situação do açude, que tem o mesmo nome da cidade, é semelhante. O
reservatório tem capacidade para armazenar mais de 54 milhões de metros cúbicos
de água, mas hoje está com menos de 1% da capacidade. A represa ainda abastece
a cidade de Rafael Fernandes, que tem 5 mil habitantes. Já a população de Pau
dos Ferros, com quase 30 mil moradores, recebe a água que vem da barragem de
Santa Cruz, em Apodi.
A barragem
de Santa Cruz tem sido a fonte de água não só para Pau dos Ferros. Outros três
municípios da região Oeste dependem dela. Atualmente, o reservatório está com
227 milhões de metros cúbicos: isto representa 37% de sua capacidade. É o
segundo maior do estado, e é o que se encontra em melhor situação.
O cenário é
mais preocupante no maior reservatório do estado, na região do Vale do Açu. A
barragem Armando Ribeiro Gonçalves está com pouco mais de 720 milhões de metros
cúbicos, o que equivale a 30% de sua capacidade total. Este é o menor nível
desde sua inauguração em 1983.
A barragem abastece 34 municípios. São mais de 500 mil
pessoas que dependem desta água. Além do consumo humano, a barragem distribui
água para vários projetos de agricultura irrigada em todo o Vale do Açu.
O Distrito
Irrigado do Baixo Açu (Diba) é um exemplo. São mais de 6 mil hectares usados
para fruticultura. Esta área abrange 4 municípios: Assu, Ipanguaçu, Alto do
Rodrigues e Afonso Bezerra. Com o nível da barragem em alerta, os produtores
começam a ficar apreensivos. "Nós já estamos atuando junto ao poder
público para que sejam construídos poços, para que eles ajudem a manutenção do
perímetro irrigado do Baixo Açu", disse Genival Celestino, gerente do
Diba.
Desde
novembro de 2014, a
Agência Nacional de Águas estabeleceu algumas regras para que a água da
barragem seja usada com restrições, principalmente para irrigação. Em abril
deste ano, a vazão foi reduzida. "Estávamos liberando oito metros cúbicos
por segundo, e isso foi reduzido para cinco metros cúbicos por segundo. Por enquanto,
este volume de água que está sendo liberado está atendendo as necessidades.
Mas, acreditamos que quando for o período de estiagem, esta água será
insuficiente", disse Hermenegildo Cabral, agente agropecuário do
Departamento Nacional de Obras contra a Seca (Dnocs).
Em Upanema,
também no Oeste potiguar, os pescadores sofrem com o baixo nível da barragem de
Umari. Depois de 4 anos de estiagem, o reservatório, que tem capacidade para
mais de 290 milhões de metros cúbicos, está com cerca de 30% deste total. Com
pouca água, pegar algum peixe está cada vez mais difícil.
Saindo do Oeste para a região Seridó, é
possível perceber que a estiagem também castiga a população. O espetáculo das
águas do açude Gargalheiras, na cidade de Acari, não é visto desde 2011.
Atualmente, está com apenas 1,8% da capacidade. Mesmo com o baixo volume, o
açude ainda abastece as cidades de Acari e Currais Novos. Ao todo, são 56 mil
habitantes que recebem esta água em sistema de racionamento.
Açude Gargalheiras, em Acari, tem 1,8% da capacidade (Foto: Fred Carvalho/G1)
Fonte: G1 RN.