Após uma cavalgada de
seis quilômetros, os vaqueiros participaram de uma missa em homenagem ao santo
Missa do Vaqueiro em Canindé. A festa acontece com cavalgada pela cidade até a Igreja de São Pedro, onde acontece a celebração com a presença também da comunidade Fotos: Eduardo Queiroz
Canindé Na intimidade com as montarias, gibões, chapéus de couro, o som dos chocalhos, das batidas das ferramentas implantadas nos cascos dos cavalos, aboios, repentes e músicas do inesquecível Luiz Gonzaga, o Rei do Baião que este ano se vivo estivesse completaria 100 anos, e vestidos com roupas de couro, mais de 2 mil vaqueiros e vaqueiras seguiram em uma cavalgada do Parque de Exposição Francisco De Assis Bessa Xavier até a Capela de São Pedro, onde foi celebrada a missa em homenagem a São Francisco, padroeiro de Canindé, num percurso de seis quilômetros.
A Missa do Vaqueiro faz parte do calendário oficial de eventos do Estado do Ceará, conforme da Lei nº 14.520 de 8 de dezembro de 2009, de autoria da deputada estadual Lívia Arruda e sancionada pelo governador do Estado, Cid Gomes.
Essa miscigenação cultural reúne centenas de vaqueiros de vários municípios do Ceará e cidades do Nordeste em um só sentimento, transformar a festa no maior acontecimento religioso durante os festejos alusivos a São Francisco, protetor dos animais, da natureza e dos pobres.
Agradecimento
Em cima de seus cavalos, eles participam da celebração, rezam pedindo paz, saúde e agradecem as bênçãos alcançadas. No rosto de cada vaqueiro, é possível ver as marcas de uma vida de muito trabalho debaixo do sol forte do sertão, motivo de orgulho para eles.
Na hora do ofertório, os vaqueiros depositaram no altar objetos do cotidiano e instrumentos usados na lida com os animais. Durante a celebração, presidida pelo pároco e reitor do Santuário de São Francisco das Chagas, frei João Amilton dos Santos, a emoção tomou conta dos presentes.
O franciscano lembrou que a primeira missa celebrada em homenagem aos vaqueiros foi celebrada em 1965, na Fazenda São Paulo, de propriedade da Casa de São Francisco, e depois aconteceu uma vaquejada. "Os vaqueiros precisam manter essa tradição. Os outros vão dando continuidade de maneira rústica e original. Tudo isso deve ser preservado, porque o vaqueiro é abençoado pelo pai São Francisco", lembrou.
Frei João Amilton disse que os vaqueiros, para serem felizes, devem escutar a palavra de Deus e colocarem em prática. "A felicidade está na nossa mente, no coração, nas nossas palavras. Ser feliz é seguir os passos divinos", salientou. "A Missa do Vaqueiro de Canindé é uma tradição que vai passando de pai para filho", frisou.
Para o gerente do Banco do Nordeste do Crato, Albery Viana, um defensor da cultura popular que todos os anos veem a Canindé participar da Romaria de São Francisco, a vida dos vaqueiros de hoje não difere de antigamente. "Correr atrás do animal desgarrado faz parte do seu dia a dia. No Nordeste brasileiro esta prática é bastante comum, eles são vistos por estradas de terras, vestidos de roupa de couro, correndo atrás das reses, arriscando sua vida em plena Caatinga", observa.
"O vaqueiro é um símbolo de coragem e arrojo dos sertanejos. Figura lendária, que desafia o tempo. Há mais de um século eles correm pelo campo em busca das reses desgarradas", frisou Albery Viana.
É como dizia o escritor Euclides da Cunha em seu livro "Os Sertões": "o vaqueiro atravessa a vida entre ciladas, surpresas repentinas de uma natureza incompreensível, e não pede um minuto de trégua".
Destemidos, os vaqueiros não pensam nas consequências, quando entram no mato. Homens e animais, no mesmo ritmo, inspiram versos dos poetas aboiadores.
Aos 85 anos, o vaqueiro Cosmo Paulino de Sousa lembra que participou pela primeira vez da missa em 1971, depois disso nunca mais deixou de vir agradecer a São Francisco pela sua proteção. Ele disse que é uma felicidade estar na festa e ainda com força para trabalhar. "Ser vaqueiro é cuidar do gado, dos cavalos e ter amigo", ensina o prefeito dos vaqueiros.
"Eu monto todos os dias. Se eu deixar isso eu acho que morro. Quero morrer na luta do gado", contou Cosmo Paulino, que começou a vida do gado quando tinha 10 anos.
Missa do Vaqueiro em Canindé. A festa acontece com cavalgada pela cidade até a Igreja de São Pedro, onde acontece a celebração com a presença também da comunidade Fotos: Eduardo Queiroz
Canindé Na intimidade com as montarias, gibões, chapéus de couro, o som dos chocalhos, das batidas das ferramentas implantadas nos cascos dos cavalos, aboios, repentes e músicas do inesquecível Luiz Gonzaga, o Rei do Baião que este ano se vivo estivesse completaria 100 anos, e vestidos com roupas de couro, mais de 2 mil vaqueiros e vaqueiras seguiram em uma cavalgada do Parque de Exposição Francisco De Assis Bessa Xavier até a Capela de São Pedro, onde foi celebrada a missa em homenagem a São Francisco, padroeiro de Canindé, num percurso de seis quilômetros.
A Missa do Vaqueiro faz parte do calendário oficial de eventos do Estado do Ceará, conforme da Lei nº 14.520 de 8 de dezembro de 2009, de autoria da deputada estadual Lívia Arruda e sancionada pelo governador do Estado, Cid Gomes.
Essa miscigenação cultural reúne centenas de vaqueiros de vários municípios do Ceará e cidades do Nordeste em um só sentimento, transformar a festa no maior acontecimento religioso durante os festejos alusivos a São Francisco, protetor dos animais, da natureza e dos pobres.
Agradecimento
Em cima de seus cavalos, eles participam da celebração, rezam pedindo paz, saúde e agradecem as bênçãos alcançadas. No rosto de cada vaqueiro, é possível ver as marcas de uma vida de muito trabalho debaixo do sol forte do sertão, motivo de orgulho para eles.
Na hora do ofertório, os vaqueiros depositaram no altar objetos do cotidiano e instrumentos usados na lida com os animais. Durante a celebração, presidida pelo pároco e reitor do Santuário de São Francisco das Chagas, frei João Amilton dos Santos, a emoção tomou conta dos presentes.
O franciscano lembrou que a primeira missa celebrada em homenagem aos vaqueiros foi celebrada em 1965, na Fazenda São Paulo, de propriedade da Casa de São Francisco, e depois aconteceu uma vaquejada. "Os vaqueiros precisam manter essa tradição. Os outros vão dando continuidade de maneira rústica e original. Tudo isso deve ser preservado, porque o vaqueiro é abençoado pelo pai São Francisco", lembrou.
Frei João Amilton disse que os vaqueiros, para serem felizes, devem escutar a palavra de Deus e colocarem em prática. "A felicidade está na nossa mente, no coração, nas nossas palavras. Ser feliz é seguir os passos divinos", salientou. "A Missa do Vaqueiro de Canindé é uma tradição que vai passando de pai para filho", frisou.
Para o gerente do Banco do Nordeste do Crato, Albery Viana, um defensor da cultura popular que todos os anos veem a Canindé participar da Romaria de São Francisco, a vida dos vaqueiros de hoje não difere de antigamente. "Correr atrás do animal desgarrado faz parte do seu dia a dia. No Nordeste brasileiro esta prática é bastante comum, eles são vistos por estradas de terras, vestidos de roupa de couro, correndo atrás das reses, arriscando sua vida em plena Caatinga", observa.
"O vaqueiro é um símbolo de coragem e arrojo dos sertanejos. Figura lendária, que desafia o tempo. Há mais de um século eles correm pelo campo em busca das reses desgarradas", frisou Albery Viana.
É como dizia o escritor Euclides da Cunha em seu livro "Os Sertões": "o vaqueiro atravessa a vida entre ciladas, surpresas repentinas de uma natureza incompreensível, e não pede um minuto de trégua".
Destemidos, os vaqueiros não pensam nas consequências, quando entram no mato. Homens e animais, no mesmo ritmo, inspiram versos dos poetas aboiadores.
Aos 85 anos, o vaqueiro Cosmo Paulino de Sousa lembra que participou pela primeira vez da missa em 1971, depois disso nunca mais deixou de vir agradecer a São Francisco pela sua proteção. Ele disse que é uma felicidade estar na festa e ainda com força para trabalhar. "Ser vaqueiro é cuidar do gado, dos cavalos e ter amigo", ensina o prefeito dos vaqueiros.
"Eu monto todos os dias. Se eu deixar isso eu acho que morro. Quero morrer na luta do gado", contou Cosmo Paulino, que começou a vida do gado quando tinha 10 anos.