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sexta-feira, 22 de março de 2013

Seca: Caern faz rodízio em 17 cidades do RN.


 

A seca ameaça agravar ainda mais o abastecimento d'água no Rio Grande do Norte. Um rodízio ocorre em 17 dos 29 municípios do Agreste, Potengi e Trairi atendidos pela maior adutora do Estado, a Monsenhor Expedito. Nestes municípios, a vazão foi reduzida em 130 m³ por hora, o equivalente a 30% ou 130 mil litros de água. Com isso, a Companhia de Águas e Esgotos do RN (Caern) deixa de encher 130 caixas d'água a cada hora, se for considerada cada casa com uma caixa d'água com capacidade para mil litros. A conta corresponde a 3.120 casas por dia com abastecimento comprometido. 


"Se formos levar em conta que cada casa tenha quatro pessoas, a Caern deixa de atender satisfatoriamente 12.480 habitantes nas regiões Agreste, Trairi e Potengi", estima Isaías Costa Filho, gerente de Desenvolvimento Operacional da companhia. "E temos que considerar que todas essas cidades tem altas temperaturas, o que provoca mais consumo. As pessoas tomam mais banho e bebem mais água por causa do calor", acrescenta.

Com a vazão reduzida e o consumo aumentado, a Caern acendeu o sinal amarelo. Desenvolveu um sistema de distribuição alternado: em cada dia da semana, um grupo de cidades recebe água  até que  a captação na Lagoa do Bonfim, que abastece o sistema, volte aos índices normais. "A medida foi tomada para não prejudicar a oferta de água no fim da linha da adutora. Fizemos isso para que as cidades, propriedades rurais e assentamentos não sofram com o desabastecimento. Mas claro, pedimos que as pessoas economizem água", destacou o gerente. Isaías Costa Filho alerta que outros sistemas também ameaçam entrar em racionamento, mas por enquanto apenas o sistema Monsenhor Expedito foi atingido. 

Segundo a companhia, a medida drástica permanecerá até  que o manancial seja recarregado, o que somente vai  acontecer com a chegada do período de chuvas. O rodízio está sendo executado de segunda à sexta-feira, em decorrência do menor consumo  de água no final da semana e obedece a uma programação em cada cidade.

A redução na vazão afeta o bombeamento da água que sai da Lagoa do Bonfim e dos sete poços tubulares que alimentam o sistema adutor Monsenhor Expedito. A tubulação percorre 350 quilômetros sertão adentro, tem diâmetro que varia entre 100 e 600 milímetros, e 22 estações elevatórias. A adutora tem  capacidade para  produzir  1.450 m³ por hora, mas reduziu a produção para 1.320 m³ a cada 60 minutos. 

Ainda parece muito, mas uma redução de 130 m³ por hora obrigou os técnicos da Caern a deslocar a bomba que ficava no centro da Lagoa do Bonfim para uma região mais próxima ao porão, onde o líquido é mais abundante. "O rebaixamento da lagoa é que está fazendo diminuir a vazão. Precisamos desligar o fornecimento em algumas cidades em alguns dias na semana. Retiramos o fornecimento em alguns municípios para beneficiar outros", explica o gerente regional da Caern no Litoral Sul, João Alberto.

Colapso e carros-pipa

Pior situação do que os municípios com redução na vazão da adutora vivem 15 dos 167 municípios potiguares. Neles, o açude secou e o abastecimento está sendo feito por carros-pipa. É o caso de Luís Gomes, Riacho de Santana, Água Nova, Pilões, João Dias, Antônio Martins, Olho D'água do Borges, Serrinha dos Pintos, Doutor Severiano, Equador, Carnaúba dos Dantas, Coronel Ezequiel, São José do Seridó e Paraná, além de Serra Negra do Norte, que tem Sistema Autônomo de Águas e Esgotos (Saae). Os 407 carros-pipas que fornecem água nestes municípios são contratados pela Caern,  Defesa Civil e Exército Brasileiro.