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sexta-feira, 13 de julho de 2012

EXPLORAÇÃO SEXUAL:Jovens ficam ainda mais vulneráveis nas férias

Com o tempo livre e a forte presença de turistas, crianças e adolescentes ficam mais expostos aos riscos.

A alta estação turística, reiniciada neste mês, deverá gerar uma ocupação hoteleira de 85% na Capital cearense. Além dos hotéis, as pousadas, flats e apartamentos alugados por temporada ficam repletos de turistas. Com a cidade lotada, especialistas reconhecem que as crianças e adolescentes ficam mais vulneráveis à exploração sexual, principalmente, em pontos turísticos.

Todos os meses, conforme dados da Secretaria de Direitos Humanos de Fortaleza, são realizadas blitze em restaurantes e bares localizados em áreas consideradas vulneráveis à exploração de crianças e adolescentes.

Conforme dados do Centro de Referência Especializado em Assistência Social (Creas) da Secretaria do Trabalho e Desenvolvimento Social (STDS), no ano passado, o órgão recebeu 79 denúncias de exploração sexual. Destas, 32 foram na alta estação, em janeiro. Neste ano, o Creas já contabiliza 36 ligações, sendo que nove denúncias foram feitas no mês de janeiro.

Segundo dados da Secretaria de Direitos Humanos de Fortaleza (SDH), de janeiro a junho deste ano, foram atendidas dez crianças e adolescentes vítimas de exploração sexual na Rede Aquarela, programa que ampara crianças e adolescentes abusados ou explorados. No ano passado, foram 14.

Realidade

Entretanto, conforme a titular da Coordenadoria da Criança e do Adolescente da SDH, Elisabeth Amaral, os números não refletem a realidade, pois, de acordo com ela, cerca de 60% dos meninos e meninas não reconhecem que estão sendo explorados sexualmente.

"Acho que, durante os períodos de alta estação, as crianças e adolescentes que circulam pelas ruas da Capital ficam mais vulneráveis, pois há um volume maior de pessoas na cidade, e esses locais acabam sendo fonte de exploração sexual", destaca Elisabeth. Por isso, conforme ela, na tentativa de mudar esse cenário, a SDH faz blitze educativas em bares, restaurantes e áreas onde há um grande fluxo de pessoas.

Elisabeth Amaral classifica a exploração sexual como a forma mais cruel de escravidão contemporânea e, em contrapartida, ressalta que o turista não é o único, nem o principal, vilão nesta história. Segundo ela, as pessoas mais próximas às vítimas e moradores do próprio bairro também fazem parte dessa rede de exploradores. "Atualmente, uma área da cidade que nos preocupa bastante é o Grade Bom Jardim. Lá, estamos realizando blitze mensais e reuniões para alertar a comunidade sobre a situação", diz.

Para Regiana Ferreira Nogueira, coordenadora do Creas, o trabalho de combate à exploração sexual é realizado, constantemente, pelos 60 educadores sociais que fazem parte do órgão, pois a situação não acontece apenas no período da alta estação. "Há uma situação de vulnerabilidade maior nas férias, pois as crianças e adolescentes ficam desocupados e, portanto, mais expostos nas ruas, mas não há nada que comprove que são mais explorados", diz.