Mais de 200
crianças de várias idades se manifestaram na manhã de hoje (23), em frente ao
Congresso Nacional. Acompanhadas dos pais, muitas levaram cartazes
confeccionados na véspera por elas mesmas com dizeres contra a corrupção e por
educação e saúde de qualidade. Usando as mãos como pincéis e vários potes de
tinta verde, amarela e azul, as crianças pintaram uma grande bandeira nacional
em papeis colocados no chão do gramado em frente ao Congresso, enquanto
cantavam o Hino Nacional e outras músicas cívicas.
Daniel Ribeiro, de 11 anos, fez um cartaz dizendo “Meu primeiro
protesto - Brasil sem corrupção”, e falou dos motivos que o levaram à
manifestação. “Eu acho que a gente está lutando para acabar com a corrupção,
porque tem tanta corrupção que falta educação, transporte e saúde e não dão a
importância que deveriam para isso. Não é pelos R$ 0,20 [da tarifa de ônibus]
que nós estamos lutando, e sim pela mudança do país”.
Muitos pais
aproveitaram o evento para ensinar aos filhos, na prática, o que são as
mobilizações e para que servem. O bancário Rodrigo Pena de Andrade foi acordado
esta manhã pela filha Maria Clara, de 6 anos, para ir ao ato. Por ser um
movimento de crianças que acontece durante o dia, ele disse que foi a melhor
oportunidade para que as filhas participassem do ato e pudessem assim formar
uma consciência política do que acontece pelo país.
“Vendo o jornal todo dia, ela perguntava porque tanta gente estava
na rua. Aí a gente parou para explicar um pouco a questão do público e do
privado, que o pessoal está lutando para que aquilo que é público tenha o mesmo
nível daquilo que é privado. Que ela estuda numa escola boa, mas que se só ela
estudar numa escola boa, não vai mudar o país”, explicou Andrade, reforçando a
importância da participação das famílias no processo político do país.
Os novos “brasileirinhos”, como estavam sendo chamados pelos pais,
mostraram uma característica da nova geração e, perguntados pela reportagem da
Agência Brasil, muitos responderam que souberam da manifestação pelas redes
sociais e avisaram seus pais. A ideia surgiu com Raquel Fusaro, que criou uma
página para o evento em uma rede social há quatro dias.
“A ideia
foi criar um espaço para que as famílias pudessem mostrar a sua voz junto com
suas crianças. É tanto um gesto das famílias estarem presentes, como ensinar
para os nossos pequenos um ato cívico, que é uma manifestação pacífica. Mostrar
a eles uma lição de que as ruas nos pertencem e temos que usá-las para fazer
ouvir a nossa voz, nos fazer representar”, disse Raquel.
A manifestação começou por volta das 10h e durou até as 12h. Às
11h, a Polícia Militar estimou que 400 pessoas estavam no gramado do Congresso,
entre adultos e crianças, mas algumas que chegaram mais cedo já tinham ido
embora e outras ainda chegavam. O céu de Brasília estava ensolarado e com
poucas nuvens.
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Fonte: Agência Brasil