Monumento aos Mártires de Cunhaú e Uruaçu, em São Gonçalo do Amarante, no RN (Foto: Wagner Varela)
A
cultura religiosa de São Gonçalo do Amarante, cidade da Grande
Natal, está ligada à figura dos Mártires de Cunhaú e Uruaçu - dizimados por
resistirem à invasão holandesa no município. Na manhã de 3 de outubro de 1645,
mais de 80 pessoas foram levadas em jangadas pelo estuário do rio Potengi para
o local destinado ao sacrifício, onde todos foram condenados pelo crime de amor
à pátria. Poucos sobreviveram à chacina. Entre os fatos mais cruéis deste
acontecimento histórico está a morte do camponês Mateus Moreira. Ele teve o
coração arrancado pelas costas.
Tudo
começou quando os holandeses tomaram a iniciativa de invadir o nordeste
brasileiro para cobrar as dívidas dos portugueses que construíram engenhos com
dinheiro emprestado pela Holanda. No município de São Gonçalo do Amarante, os
holandeses encontram a resistência dos moradores dos engenhos. As vítimas do
massacre de Uruaçu foram levadas de sítios e engenhos adjacentes (Utinga,
Potengi e Ferreiro Torto) para o Castelo de Keulen (atual Fortaleza dos Reis
Magos).
Em
reconhecimento ao feito dos Mártires de Uruaçu, em 16 de junho de 1989 o
processo de beatificação foi concedido pela Santa Sé. Em 21 de dezembro de 1998
o papa João II assinou o decreto reconhecendo o martírio de 30 brasileiros,
sendo dois sacerdotes e 28 leigos.
A
celebração de beatificação aconteceu na Praça de São Pedro, no Vaticano, no dia
5 de março de 2000. A cerimônia religiosa foi presidida pelo papa João Paulo
II. No Local do Massacre foi erguido o Monumento dos Mártires em memória dos
Bem-Aventurados. O espaço é aberto aos turistas e religiosos, e a cada mês de
outubro recebe centenas de fiéis de todas as partes que acompanham as
celebrações e festividades em homenagem aos mortos.
Homenagem
Em
homenagem ao morticínio, foi erguido um monumento na localidade de Uruaçu,
próximo aonde ocorreu o martírio, denominado 'Monumento aos Mártires', que foi
inaugurado no dia 05 de dezembro de 2000 com a presença de aproximadamente 15
mil pessoas, incluindo diversas autoridades eclesiásticas e governamentais.
O
local abrange uma área de dois hectares, doada pela família Veríssimo,
proprietária da fazenda. O Monumento aos Mártires foi projetado pelo arquiteto
Francisco Soares Junior, tendo capacidade para receber 20 mil peregrinos. Atrás
do palco há um painel medindo 30 metros. O Capelão do monumento é o Padre
Antônio Murilo de Paiva.
A
cidade se encontra receptivo a todos que buscam reafirmar sua fé, conhecendo o
local que foi palco de um grande massacre. No dia 03 de outubro é feriado
estadual em comemoração ao Dia dos Mártires de Uruaçu e Cunhaú, segundo Lei Nº
8.913/2006.