(Foto: Divulgação/Sindasp-RN)
O Sindicato dos Agentes
Penitenciários do Rio Grande do Norte (Sindasp-RN) está solicitando ao Governo
do Estado uma intervenção de equipes de saúde na Penitenciária Agrícola Mário
Negócio, em Mossoró, e na Cadeia Pública de Caraúbas, ambas na região Oeste
potiguar. De acordo com Vilma Batista, presidente do sindicato, a medida é
necessária em razão do falecimento do agente penitenciário Daniel Luz, de 37
anos, na madrugada da quarta-feira passada, dia 28. A família, que pediu para
não se pronunciar por enquanto, afirma que o atestado de óbito de Daniel aponta
a meningite como causa da morte.
De acordo com Dinorá Simas,
coordenadora do sistema penitenciário do estado, a primeira informação que ela
recebeu foi de que o agente havia sido vítima de hepatite. Ela disse que aguarda
o atestado de óbito para tomar providências. "Até para darmos entrada no
setor pessoal, precisamos da comprovação da causa da morte. Estou esperando
este documento", explicou.
“Possivelmente ele pegou a
doença na Penitenciária Mário Negócio, onde trabalhava, pois começou com uma
gripe, depois uma infecção no ouvido. Agora, estamos solicitando às autoridades
da Secretaria Estadual de Saúde que enviem equipes para aquela unidade”, afirma
Vilma Batista.
5ª morte em 2014
A preocupação com a doença
veio à tona após a morte do estudante universitário André Donaldson Mendes, de 23 anos. O jovem morreu no último
dia 24, em Natal, vítima de meningococcemia, que é a forma mais grave de
infecção pela Neisseria meningitides (meningococo). André era aluno do curso do
Bacharelado de Ciências e Tecnologia (BCT) da Escola de Ciências e Tecnologia
(ECT) da UFRN.
Um dia antes da morte do
agente penitenciário, ou seja, no dia 27, a Subcoordenadoria de Vigilância
Epidemiológica (Suvige) da Secretaria de Estado da Saúde Pública (Sesap)
revelou que, de janeiro até aquela data o Rio Grande do Norte havia registrado
46 notificações de casos suspeitos de meningite. Destes, 10 casos foram da
forma considerada mais grave da doença (a meningocócica) - dos quais quatro
pessoas haviam morrido.
De acordo com Stella Leal,
subcoordenadora de vigilância epidemiológica, apesar da ocorrência dos quatro
óbitos até então, a situação ainda não pode ser caracterizada como surto ou
qualquer outro evento que possa representar perigo, “pois esses registros
encontram-se em número e comportamento semelhante ao observado em anos
anteriores no Rio Grande do Norte”, afirma.
Em 2013, de janeiro a
dezembro, foram confirmados pela Sesap 96 casos de meningite, com 13 mortes.
Barbeiros em Caraúbas
A presidente do Sindasp ressalta que
a morte de Daniel coloca em risco outros agentes que trabalhavam com ele, bem
como os próprios detentos. “Além disso, temos recebido constantemente relatos
da presença de besouros do tipo barbeiro na Cadeia Pública de Caraúbas e na
própria Penitenciária Mário Negócio. Ou seja, o risco da contaminação da doença
de Chagas é alto”, acrescenta.
(Foto: Divulgação/Sindasp-RN)
Sobre o risco da doença de Chagas, Dinorá disse que
não recebeu qualquer comunicado da direção da Cadeia Pública de Caraúbas sobre
o assunto, mas prometeu verificar a aparição dos besouros. "Vou procurar a direção da unidade para sabermos o
que está acontecendo", respondeu.
Vilma Batista também ressalta que os problemas de saúde
nas unidades prisionais do estado se agravam devido às estruturas precárias em
que se encontram. Boa parte delas, de acordo com a sindicalista, não dispõe de
um sistema eficaz de esgoto e dejetos vazam para os pátios em áreas bem
próximas ao convívio social dos servidores e dos detentos. “Essa é uma situação
que precisa de urgência e de solução emergencial, pois estamos lidando com
vidas. Infelizmente, perdemos o agente Daniel Luz e não queremos ver outros
colegas mortos pela insalubridade do sistema penitenciário do Rio Grande do
Norte”, completa.
Chagas
Levantamento do Ministério da Saúde aponta que três
milhões de pessoas têm a doença de chagas no Brasil. Cerca de 70% dos portadores permanecem de duas a três
décadas na chamada forma assintomática ou indeterminada da doença, quando os
sintomas não aparecem, de acordo com a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).
A transmissão acontece pelas fezes do 'barbeiro'
depositadas sobre a pele da pessoa, enquanto o inseto suga o sangue. A picada
provoca coceira e facilita a entrada do trypanossoma no organismo, o que também
pode ocorrer pela mucosa dos olhos, do nariz e da boca ou por feridas e cortes
recentes na pele, segundo a Fiocruz.
Outros mecanismos de transmissão são a transfusão de
sangue de doador portador da doença, a transmissão vertical via placenta (mãe
para filho), a ingestão de carne contaminada ou acidentalmente em laboratórios.
Ainda não há vacina contra a doença de chagas e sua
incidência está diretamente relacionada às condições habitacionais, como casas
de pau a pique, sapê etc. Cuidados com a conservação das casas, aplicação
sistemática de inseticidas e utilização de telas em portas e janelas são
algumas das medidas preventivas que devem ser adotadas, principalmente em
ambientes rurais. A melhor forma de prevenção é o combate ao inseto
transmissor.
Fonte: G1 RN.