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segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Delegado Maurílio Pinto critica falta de empenho dos policiais civis.

 

Xerife do RN concedeu entrevista falando do que pensa sobre a segurança pública.

O delegado Maurílio Pinto criticou duramente a falta de empenho e vontade de boa parte dos policiais civis do Rio Grande do Norte e chegou a declarar que alguns se apegam a apadrinhamento político para terem seus desejos atendidos. Confira entrevista com o Xerife potiguar.

Márcio Morais - Como é depois de 47 anos de serviço na atividade policial ficar aposentado?

Maurílio Pinto: “Eu estou estranhando muito, não consegui me adaptar ainda. Como tenho minhas limitações, estou fazendo fisioterapia nas segundas, quartas e sextas e nos outros dias faço visitas a policiais antigos, já aposentados, amigos meus. Também estou aproveitando para ler. Estou lendo três livros simultaneamente: o “Rio Grade do Norte - Os notáveis dos 500 anos”, de Jurandyr Navarro; “Um certo delegado de captura”, do comandante da Polícia Militar de Minas Gerais; e “Autopsia do medo”, do jornalista Percival de Souza.

Márcio Morais - O senhor continua recebendo informações sobre localização de bandidos?

MP: Mesmo aposentado, eu continuo recebendo pessoas, inclusive vindas do interior, que trazem as informações até a minha casa. Algumas delas eu até repassei para a polícia e eles conseguiram fazer umas apreensões, mas nenhuma prisão.

Márcio Morais - Que nota o senhor dá para a segurança pública do estado do Rio Grande do Norte em 2011?

MP: Para a segurança pública eu dou nota sete. Não estou falando que a criminalidade e a violência diminuíram, mas o que vem sendo feito em relação ao combate ao crime, eu acredito que está nessa faixa de sete ou sete e meio. Essa é a minha opinião.

Márcio Morais - Qual a principal dificuldade que a polícia civil enfrenta?

MP: A principal é a falta de interesse de alguns policiais, tanto agentes, quanto escrivães e delegados que são acomodados. Antigamente, eles eram mais profissionais, eles tinham a vocação.

Márcio Morais - O que é preciso para ser um bom policial?

MP: Eu acho que existem três fatores para ser um bom policial: honestidade, o faro policial e a coragem. Eu me emociono quando vejo policiais com atitudes honestas.

Márcio Morais - Como o senhor vê a atuação do delegado geral?

MP: Fábio Rogério é um delegado jovem, quem vem se destacando, principalmente quando conclama a todos os policiais a trabalharem para dar credibilidade à Policial Civil junto à população.

Márcio Morais - Qual o principal problema da Polícia Civil?

MP: A falta de compromisso de alguns policiais, que recorrem ao apadrinhamento político ou tiram licença médica para não trabalhar. Na verdade, alguns policiais só trabalham onde lhe interessam, se colocar em um setor que interessa a ele, ele trabalha feito um bicho, mas se colocar em uma delegacia de menor importância, ele não tem tanta dedicação, quando na verdade isso não deveria acontecer.

Márcio Morais - Foi acertado lotar os novos policiais no interior do Estado?

MP: Colocar esses novos policiais para atuar no interior foi um grande acerto, não tenho a menor dúvida, pois a meta é interiorizar a Polícia Civil. E a gente vê a situação dificílima do interior, principalmente quando alguns delegados assumem diversas delegacias.

Márcio Morais - Como o senhor viu o ano de 2011 para a Polícia Civil?

MP: “Apesar de uma greve longa, a Polícia Civil teve um saldo positivo com a realização de grandes operações. Com certeza realizou a maior operação de sua história em número de prisões quando prendeu em um único dia 91 pessoas. Isso mostra que as ações coordenadas pelo delegado geral estão no caminho certo. E o caminho certo é investigar e encontrar os culpados e colocá-los na cadeia.