Mãe de um garoto de 11 anos, a técnica em enfermagem Francineide Garcia, 35, tem um motivo a mais para pesquisar preços nesta volta às aulas. Levantamento divulgado ontem pelo Procon Natal apontou diferença de até 900% entre produtos de marcas iguais. O natalense pode comprar um mesmo apontador por R$ 0,10 ou por R$ 1,00 dependendo do estabelecimento. A variação é bem maior que a verificada em outras capitais brasileiras, dentro e fora da região Nordeste. Em Curitiba, capital do Paraná, a diferença máxima chega a 250%. Na capital paulista, atinge 258,5%. Em Pernambuco, Recife, fica em torno de 266%, segundo o Procon dessas capitais. O preço médio subiu 4,47% em Natal - cinco pontos percentuais a menos que o registrado no ano passado.
Iklébia Fernandes Carlos, 36, logo percebeu a diferença. "Está tudo mais caro", afirmou a atendente, que comprava o material escolar de sua filha. O movimento era intenso em muitas livrarias no centro da cidade. Bira Marques, proprietário de uma livraria na avenida Rio Branco, esperava vender, no mínimo, 10% a mais que no ano passado.
Em Natal, a diferença máxima de preço voltou a subir após dois anos em queda. Em 2009, o Procon constatou diferença de até 1.150% entre produtos de marcas iguais, como o apontador plástico com um furo da marca Faber Castell, cujo menor preço era R$ 0,16 e o maior, R$ 2. Em 2010, a diferença entre produtos de marcas iguais caiu para 900%. Em 2011, caiu ainda mais, chegando a 567%. Em 2012, voltou ao patamar de 2010. Para o economista Marcus Guedes, a saída é pesquisar. Foi o que Iklébia Fernandes fez. Ela consultou preços em três livrarias.
Outra sugestão é copiar a lista, anotar os contatos, e deixar em várias livrarias. Fica mais fácil decidir, quando se tem vários orçamentos à mão. Deixar as crianças em casa, pagar à vista, e pechinchar são outras dicas dadas por Marcus Guedes. Também é possível reaproveitar material do ano anterior, trocar livros na própria escola ou comprá-los nos sebos, onde os preços são menores.
Francineide Garcia pesquisou o preço dos livros em várias editoras e livrarias. O desconto máximo que conseguiu foi de 5%. Ela então decidiu comprar os livros na escola do filho. Ganhou a farda, uma espécie de bônus. "Pesquisei muito, mas acabei optando por comprar na escola. Lá, consegui parcelar em mais vezes e ainda ganhei a farda", relata. Até a tarde de ontem, Francineide só havia comprado os livros e a mochila do filho. Ela esperava gastar cerca de R$ 900 com todo o material.
O Procon orienta que os pais ou responsáveis analisem 'criteriosamente' as listas enviadas pelas escolas. De acordo com a Lei Municipal nº 6.044, sancionada em 2010, as escolas natalenses não podem pedir nenhum tipo de material 'de consumo expediente', como por exemplo, papel ofício, papel higiênico ou fita adesiva. Elas só podem incluir na lista material didático de uso pessoal. Qualquer material para uso da escola ou coletivo deve ser responsabilidade do próprio colégio, conforme a lei. As escolas não podem indicar estabelecimento de venda, marca ou modelo.