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terça-feira, 24 de janeiro de 2012

Fuga em Alcaçuz: agentes afirmam ter provas que pavilhão não tinha cadeados

 

De acordo com Sindicato, Sejuc não havia repassado material antes da fuga, conforme disse Fábio Hollanda.

O Sindicado dos Agentes Penitenciários do Rio Grande do Norte já está reunindo provas para derrubar a informação repassada pelo secretário estadual de Justiça e Cidadania, Fábio Hollanda, de que a Sejuc havia enviado cadeados para o Pavilhão Rogério Coutinho Madruga antes da fuga registrada na última quinta-feira (19). De acordo com agentes penitenciários, existem memorandos e relatórios dos livros informando sobre a inexistência dos cadeados.

“Estamos recolhendo as provas dos relatórios, dos livros de serviços e dos memorandos que foram enviados à Sejuc alertando sobre a falta de cadeados. O Governo afirma que houve negligência porque eles precisam se eximir da culpa, mas os agentes que estavam lá não podiam fazer nada, eles não tiveram como impedir a fuga”, explica a presidente do Sindicato dos Agentes, Vilma Batista.

Ela ressaltou que há muito tempo a categoria vem alertando para a falta de estrutura na unidade e a permanência de agentes penitenciários dentro do Pavilhão Rogério Coutinho Madruga durante a noite representava um risco para as vidas deles.

“Como é que um agente vai ficar em um setor que não tem telefone e nem mesmo um rádio de comunicação. Além disso, as guaritas não estavam funcionado. Ou seja, como não tinha cadeados, a segurança dos agentes estava em jogo. Os presos ia fugir de toda forma, pois o problema é de estrutura e, caso algum servidor estivesse no pavilhão no momento em que eles escaparam, com certeza teria sido assassinado, pois a única coisa que poderia fazer para pedir socorro era gritar”, afirma Vilma Batista.

Ainda de acordo com a presidente do Sindasp/RN, por esse motivo, o então diretor de Alcaçuz, major Marcos Lisboa, permitia que os agentes ficassem durante a madrugada na parte da frente da penitenciária, até porque sem eles lá toda a segurança da unidade também estaria fragilizada.

“Faz tempo que a gente vem alertando sobre as dificuldades de estrutura e efetivo. Quando Alcaçuz foi inaugurada eram apenas três pavilhões, depois, no governo Wilma de Faria, construiu-se o quarto e, mais recente, construído uma nova ala, que, na verdade, é um novo presídio. Tudo isso dentro de uma área que já sofria com problemas de infra-estrutura”, frisa.

Para Vilma Batista, o Pavilhão Rogério Coutinho Madruga tem que ser visto como uma unidade independente que precisaria de um diretor específico e uma equipe exclusiva para ela. Sobre as exonerações e mudanças na estrutura da Coordenadoria de Administração Penitenciária, a presidente do Sindicato criticou mais uma vez a atitude do Governo do Estado, principalmente pela saída do agente penitenciário José Olimpio da diretoria da Coape.

“O Governo mais uma vez mostra que não sabe lidar com o sistema penitenciário. Olimpio conhecia a realidade do sistema prisional, pois está dentro dele há muito tempo. Agora, mais uma vez a PM vem achando que o militarismo vai resolver. No entanto, eles não têm formação para lidar com penitenciárias. O que vai resolver o problema nos presídios é investimento e estrutura e tratamento com dignidade dos servidores e dos presos”, disse.

Vilma Batista falou ainda sobre a abertura de sindicância para investigar se houve algum tipo de facilitação para a fuga de 41 presos. “Nós apoiamos essa iniciativa, mas queremos que ela seja desenvolvida de maneira imparcial e não que os culpados sejam apontados antes do final da investigação, como já está sendo feito”, comentou.

O Sindicato dos Agentes Penitenciários ainda não recebeu nenhum comunicado oficial nem solicitação de auxílio por parte dos agentes que estavam de serviço na noite da quinta-feira (19), quando aconteceu a fuga. Mesmo assim, Vilma informou que eles vão receber total auxilio, tanto na área psicológica quanto na área jurídica.