Paginas

sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

Policia Prende no Ceara Quadrilha que Falsificava Dinheiro

Clique para Ampliar
As cédulas eram produzidas em larga escala em uma casa, no bairro Antônio Bezerra. Segundo a PF, o dinheiro era levado para outros Estados por membros de uma torcida organizada local.


Clique para Ampliar
Peritos da PF comprovaram a boa qualidade das notas fabricadas pelos criminosos, o que dificultava a comprovação da fraude pela população. Notas no novo modelo eram as mais produzidas pelo bando

 

Um grupo criminoso, que atuava em Fortaleza, era o responsável por 20 por cento da fabricação de dinheiro falso no País

Seis pessoas foram presas, na manhã de ontem, nesta Capital, acusadas de participação no esquema de fabricação e distribuição de cédulas falsas em todo o País. Os mandados de prisão e de busca e apreensão foram cumpridos por agentes da Polícia Federal (PF) durante a ´Operação Mustache´.

Os presos, cinco homens e uma mulher, fariam parte da quadrilha responsável pela fabricação de distribuição de dinheiro falso, aproximadamente 20% de todas as notas falsa que estão em circulação no Brasil.
Cinco dos acusados foram presos por força de mando de prisão preventiva. A mulher acabou autuada em flagrante por crime de moeda falsa, pois estava na ´fábrica´ do momento em que os agentes da PF chegaram. Três acusados têm antecedentes criminais. O líder da quadrilha, identificado apenas pelo apelido de ´Bigode´, também foi preso. Ele era procurado pela PF do Ceará desde 2007 por tráfico de drogas. A ´fábrica´ funcionava no bairro Antônio Bezerra, na zona oeste da Capital.

Qualidade

O superintendente regional da PF no Ceará, delegado Sandro Caron de Moraes, disse que a qualidade das falsificação é muito boa. Seguindo ele, só quem tem alto conhecimento técnico poderia descobrir de imediato que se tratava de dinheiro falso. A estimativa é que a ´fábrica´ produzisse mensalmente cerca de R$ 300 mil.

Foram apreendidos R$ 40 mil em cédulas falsas, 262 gramas de cocaína e R$ 18,7 mil em dinheiro verdadeiro, provavelmente oriundo do tráfico de drogas. Todo o maquinário utilizado para a fabricação das notas também foi confiscado. Os equipamentos são de última geração, impressoras, papeis especiais, tintas e scanners.

Torcedores

Entre os distribuidores das cédulas falsas, segundo a PF, estão dois membros de uma torcida organizada local. Eles aproveitavam os jogos do time em outros Estados e levavam as moedas falsas. "Os dois passavam pelo Aeroporto (internacional Pinto Martins) sem levantar suspeitas. Todos pensavam que eles realmente apenas estavam indo incentivar o time fora de casa", comentou.

Sandro Caron não revelou o nome da torcida organizada, mas disse que os acusados não são diretores da facção. Indagado se o time era da Série A, B ou C do Campeonato Brasileiro de Futebol, ele riu, mas manteve o segredo. O delegado acrescentou que os dois tinham ligações estreitas com bandidos no Pará, Pernambuco, Paraná e Rio Grande do Norte.

A PF investiga se esses contatos fazem parte de torcidas organizadas nesses Estados. Os agentes federais descobriram que a próxima entrega de dinheiro falso seria feita na Bahia.

Contatos

´Bigode´, de acordo com as investigações que duraram dois meses e meio, era a única pessoa que tinha contato com o investidor. Ele dizia o quanto queria. Em seguida, pagava o falsificador e entregava aos distribuidores, entre eles os dois torcedores. "Os demais membros do bando não mantinham contato com o falsificador", ressaltaram Sandro Caron e Régis Vasconcelos, este último, delegado que comandou a operação.

Apesar de notas de 10 reais serem também fabricadas, a prioridade da quadrilha era a produção de cédulas de 50 e 100 reais, de preferência no novo modelo recentemente lançado em todo o País pela Casa da Moeda, tendo em vista que boa parte da população não estar ainda familiarizada com elas. Cada lote de R$ 4 mil em notas falsas custava R$ 1 mil. Peritos da PF examinam notas falsas apreendidas em todo o País, para saber quantas foram fabricadas no Ceará.

Apesar do sigilo mantido pela PF em relação à identidade dos acusados detidos e o nome da torcida organizada da qual eles fariam parte, circularam, na noite de ontem, boatos de que os acusados presos fariam parte da torcida Cearamor. As autoridades não confirmaram.

Em agosto de 2010, as polícias Civil e Militar descobriram um esquema criminoso que funcionava na sede da Cearamor, onde drogas, armas, carros roubados e dinheiro falso foram achados. O presidente da organizada, Jeysivan Carlos dos Santos, o ´Jey´, e diretores foram indiciados em inquérito.

Pistas

300 l reais em dinheiro falso eram produzidos todos os meses pelos integrantes da quadrilha, conforme apontou o trabalho de investigação. A base do grupo era na zona oeste de Fortaleza

40 reais falsificados foram apreendidos pelos agentes da PF durante a operação. Os policiais localizaram também todos os equipamentos utilizados na produção das notas falsas.

FERNANDO RIBEIRO/FERNANDO BARBOSA
EDITOR DE POLÍCIA/REPÓRTER