O falso curandeiro, Iranilson Santos da Nóbrega, foi recolocado em liberdade por decisão judicial. Ele havia sido preso na quarta-feira passada sob acusação de cobrar para realizar curas milagrosas. Pelo menos 15 pessoas já confirmaram terem sido vitimadas pelo suspeito. A Polícia Civil em Apodi acredita que ele tenha enganado cerca de 70 pessoas. O número de vítimas do falso curandeiro pode ser ainda maior, se for levado em consideração pessoas de outras cidades.
A decisão judicial que recoloca o suspeito em liberdade provocou uma reação contrária por parte dos policiais que investigaram o crime e fizeram a sua prisão. O delegado Renato Oliveira, responsável pelo inquérito, mostrou-se decepcionado com a medida judicial.
"Um cara que enganou meio mundo de gente está na rua. É complicado de entender certas decisões. A gente já sabia que ele iria voltar em poucos dias para a rua por não ter antecedentes criminais e outros fatores previstos na Lei", comenta o delegado, lembrando que a prisão do falso curandeiro durou menos de 48 horas.
A liberdade de Iranilson Santos da Nóbrega, que se identificava como "Guardião de Ogum", não vai afetar a investigação, segundo o delegado. "A investigação não será prejudicada, mas eu acho muito difícil encontrá-lo novamente. A gente teve informação que ele vai para uma região longe daqui. Mesmo assim, vou fazer o inquérito e no término pedir a prisão dele", avalia Renato.
Ele explica que vai continuar ouvindo vítimas e concluir o processo dentro de 30 dias, como é previsto na legislação. De acordo com as investigações, os golpes aplicados por ele podem chegar a casa dos R$ 100 mil. Cada vítima pagava aproximadamente R$ 600,00. O golpe se espalhou rapidamente porque o suspeito utilizou duas emissoras de rádio da cidade para sua divulgação.
Iranilson Santos é natural de Cajazeiras, cidade situada no Alto Sertão da Paraíba. Essa é a primeira vez que ele é preso, mas a Polícia acredita que o jovem já vinha aplicando o mesmo golpe há bastante tempo. Ele foi autuado em flagrante por curandeirismo, crime previsto no Código Penal Brasileiro, e por estelionato. Como ele é réu primário, em poucos dias deverá ser posto em liberdade.
O que diz a lei
O curandeirismo é a prática de prescrever, ministrar ou aplicar, habitualmente, qualquer substância, bem como usar gestos, palavras ou qualquer outro meio (não inserido na prática médica) para cura ou fazer diagnósticos sem ter habilitação médica. A pena prevista na legislação brasileira é de seis meses a dois anos.
Além do curandeirismo, ele foi autuado ainda por estelionato. A pena máxima para esse tipo de crime é de cinco anos. Somadas as duas penas, o suspeito poderia ficar até sete anos na cadeia.
Fonte: Jornal o Vale do Apodi ( via Email)