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quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Mais três corpos podem estar no "poço do terror"

                                       Bombeiros pediram auxilio logístico do MP para realizar inspeção no poço Foto: Bombeiros/Divulgação

Baseado em depoimento de acusado, delegado acredita que mais vítimas do tráfico foram jogadas no local, em Parnamirim.

O delegado Graciliano Lordão, da 1ª Delegacia de Polícia em Parnamirim, tem fortes motivos para acreditar que existam mais três corpos escondidos no chamado "Poço do Terror", no bairro de Passagem de Areia. No entanto, para confirmar essas suspeitas, ele está precisando da ajuda do Ministério Público para elaborar a logística para fazer uma nova inspeção no cacimbão. "O Corpo de Bombeiros já nos informou que não tem condições por si só para fazer a retirada e muito menos a minha equipe. Esperamos que o MP se mobilize para viabilizar essa operação". O delegado afirma ainda que já identificou seis dos sete responsáveis pelas mortes relacionadas ao poço.
O titular da 1ª DP de Parnamirim afirma ter enviado um ofício à promotora Ana Márcia Morais para solicitar ao MP que reúna órgãos públicos, como a secretaria de meio ambiente do município, para auxiliar na busca por esses corpos, fornecendo, inclusive, os equipamentos. O assessor de comunicação do Corpo de Bombeiros, o tenente BM Cristiano Couceiro, explica que o apoio de órgãos ambientais é necessário para dar destino à água retirada. "O líquido deve estar contaminado e não podemos despejá-lo novamente no lençol freático. Precisamos que alguém nos aponte uma destinação". A equipe do Diário de Natal tentou contato por telefone com a promotora, mas ela alegou estar em audiência e não poderia atender à reportagem.


Graciliano Lordão revela que um dos envolvidos nos assassinatos, inclusive, já está preso. O nome do acusado é mantido em sigilo, até que o delegado possa pedir a prisão preventiva dos demais. Segundo ele, sete homens estariam diretamente ligados aos assassinatos das pessoas que já foram encontradas no poço e das que ainda podem estar lá. Além do que já está detido, existem dois adolescentes e outros quatro adultos. Os nomes de cinco já foram identificados. "Não divulgamos ainda porque queremos localizá-los e pedir a prisão preventiva. Se mostramos quem eles são, pode ser que acabem fugindo".

O delegado acredita na existência de mais corpos exatamente por causa do relato do suspeit que já está detido. "O engraçado é que ele conta tudo, mas diz que nunca esteve presente durante os assassinatos". A suspeita é de haja pelo menos os corpos de um casal no poço. "O que está detido conta que esse casal estaria devendo certa quantia em drogas e praticavam vários furtos e roubos para tentar pagá-la. No entanto, quando tiveram que quitar a dívida, não tinham o suficiente. Então os envolvidos passaram a espancá-los, mesmo tendo a mulher implorado pela vida por estar grávida". O fato teria acontecido em meados do último mês de junho.

Graciliano Lordão revela que há certa dificuldade para a polícia descobrir de quem se trata o casal. "Apenas sabemos que o nome do rapaz é Jordan. Dizem que eles não são daqui de Parnamirim e por isso não há quem os esteja procurando". O outro cadáver que pode estar no poço é o de o um jovem conhecido apenas por "Galego". "Esse, segundo o que está preso, foi brutalmente espancado em plena via pública pelos outros parceiros no início de julho e depois disso desapareceu. Tudo indica que está no cacimbão também". O nome da vítima também permanece desconhecido para a polícia.

O delegado destaca que todos os que foram jogados no "Poço do Terror" foram mortos por espancamento e por causa de dívidas com o tráfico de drogas. Inclusive José Jácio da Silva Júnior, 20, Estivenson Cláudio de Moura Santos, 40, e Paulo Roberto da Costa, 43, que foram os primeiros encontrados no local em 1º de agosto deste ano.