Patrulhas do Gate foram acionadas, mas não entraram no presídio. O diretor da unidade negociou a saída das visitas.
As visitas foram canceladas pela direção da unidade, o que revoltou dezenas de parentes de presos.
O Instituto Presídio Professor Olavo Oliveira (IPPOO I), situado na Avenida Expedicionários, bairro Itaperi, voltou a registrar cenas de violência e que causaram pânico durante a manhã de ontem, na unidade prisional. Uma briga entre presos, seguido de intenso tiroteio, deixou dois detentos feridos. No último dia 23 de outubro uma ´briga´ no presídio resultou na morte do preso Rafael Rodrigues, 26.
A confusão de ontem ocorreu durante o horário de visitas, o que causou medo e tensão entre as mulheres dos internos que estavam dentro, e também naquelas que aguardavam do lado de fora da penitenciária.
"Foram muitos tiros. Pensei que ia morrer", disse a mulher de um detento que não quis se identificar. Ela relatou à Reportagem que estava com o companheiro quando começou o tiroteio. "Não sei bem o motivo. Disseram que ele (atirador) queria matar outro preso e começou a disparar", afirmou. Conforme as testemunhas, logo após os primeiros disparos dentro da unidade, houve gritaria e muito tumulto.
Os guardas que estavam nas guaritas também efetuaram disparos de advertência quando alguns presos ameaçaram correr em direção ao Corpo da Guarda portando armas.
De acordo com o sargento PM Mardônio Aguiar, da 1ª Cia/6ºBPM, o tiroteio teve início depois que um dos detentos roubou a arma de outro. "O preso que teve a arma roubada recuperou o revólver e começou a atirar no desafeto. Esse correu em direção à guarda e foi perseguido", contou Aguiar.
Enquanto a confusão ainda gerava tensão dentro da unidade, as mulheres e mães de presos do lado de fora ficavam apreensivas por notícias dos parentes. Patrulhas do Batalhão de Polícia de Choque (BPChoque) foram acionadas.
Celulares
As esposas dos detentos se desesperavam em busca de notícias dos maridos e outras simplesmente sacaram os aparelhos celulares e ligaram para os companheiros dentro da prisão. "Ele disse que está bem. Agora fiquei mais tranquila", disse uma mulher que pediu para não ser identificada. Ambulâncias do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) fizeram o atendimento de dois presos no estacionamento e conduziram os feridos para o hospital.
De acordo com a Polícia, o diretor Keyne Bezerra negociou com os presos a saída das pessoas que já estavam no prédio e cancelou a entrada das demais. Um revólver de calibre 38 foi apreendido. Os nomes dos detentos não foram informados pela direção e nem pela PM.
A Reportagem tentou contato com o major PM Marcelo Praciano, comandante da 2ª Companhia de Policiamento de Guarda (2ª CPG) e com o coordenador do Sistema Penal (Cosipe), Bento Laurindo, mas nenhum deles atendeu os telefones celulares. A Assessoria de Imprensa da Secretaria de Justiça e Cidadania (Sejus), também não atendeu as ligações.
Justiça
Em outubro deste ano, o juiz Luiz Bessa Neto, titular da 1ª Vara de Execuções Penais e Corregedoria de Presídios da Comarca de Fortaleza, revogou medida de 2009 que determinava a transferência provisória de internos para o IPPOO I. O magistrado determinou ainda a melhoria das instalações.
PERIGO
Motins em cadeia pública e delegacias da Capital
O fim de semana foi marcado por tensão nas unidades prisionais do Estado. Pelo menos duas ocorrências graves com presos feridos foram registradas, sendo uma em Fortaleza e outra em Quixeramobim. Além desses casos, uma sequência de tumultos em delegacias ´abarrotadas´ de presos causou preocupação para as autoridades policiais e penitenciárias.
Na manhã de sábado, policiais do Batalhão de Polícia de Choque (BPChoque) foram acionados para conter um tumulto na Delegacia Metropolitana de Maracanaú (DMM). Quase no mesmo horário, uma tentativa de resgate de presos, seguido de motim, deixou três feridos na Cadeia Pública de Quixeramobim (a 206 Km de Fortaleza).
Os três presos baleados foram identificados como Rafael Rodrigues Lopes; Francisco Carlos Severino Silva; e José Ribamar Martins.
Um dos detentos feridos foi atendido por socorristas do Samu no estacionamento e depois levado para o hospital
Delegacias
Os tumultos continuaram no 2º DP (Aldeota), local onde uma fuga em massa foi evitada na última sexta-feira, e no 34º DP (Centro). Na Aldeota, um detento passou mal e teve que ser atendido por uma ambulância do Samu. No 34º DP (Centro), os presos tocaram fogo em lençóis. Patrulhas do BPChoque controlaram a situação.
Fonte: http://diariodonordeste.globo.com/materia.asp?codigo=1070094